segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Viver é Morrer de Amores


Quem não ama não vive: vegeta. Pela simplicidade da frase, alguém já deve ter dito (ou escrito) isso. O título desta crônica também, se não estou enganado, é de uma musica. Bem, mas “tomando emprestado” ou não, a frase e o título, eu pergunto: que sentido tem a vida de quem não ama nada, nem ninguém? Eu me refiro aqui a um amor geral, mais ampliado. Não estou me referindo ao amor homem x mulher. Este, muitas vezes, se torna uma coisa obsessiva, doentia. A pessoa fica presa e quer manter o “objeto” da sua obsessão preso também. Eu quero saber do amor que liberta, que dá sentido e sabor ao ato de viver. Neste sentido eu posso dizer que sou rico: tenho vários amores. Quando um não resolve o meu problema, busco outro. E assim vou levando a vida, ou deixando que ela me leve. É por isso que eu gosto de dizer que o amor é meu combustível: sem amor eu não ando. Até o ato de escrever, eu só faço por amor, por prazer. Talvez se fosse “por dever”, eu não conseguisse escrever nada. É justamente por isso que eu não gosto de me “intitular” de escritor. Clarice Lispector se dizia amadora, talvez por isso: só escrevia por amor. Escritor para mim é aquela pessoa que para, pensa e escreve. Já vive “programada” para escrever. Eu nunca me programei para nada. Gosto de viver à mercê da inspiração. Sou como Dorival Caymmi: as indústrias fonográficas queriam que ele “produzisse musica”, mas ele só fazia quando tinha inspiração. Mas, voltando ao título, tem gente que tem um amor só: o amor ao dinheiro, ao luxo... Essas pessoas às vezes nem tem dinheiro, nem luxam, mas vivem se deslumbrando com as que tem e ficam se exibindo, para deleite dos pobres amadores. Outras, por não conseguirem amar as pessoas, amam seu carro, seu bicho de estimação, sua plantinha, sua casa, sua religião, seu time... E assim vão morrendo aos poucos.
A.J. Cardiais
22/09/2013
imagem: google

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