imagem: google
Posso até estar enganado, mas defendo
uma “tese”: Ninguém precisa cursar uma Faculdade de Letras, para ser Poeta. Primeiro
porque a faculdade não forma ninguém em poeta. Como todas as artes, ser poeta é
um dom. E se for olhar na história, os nossos poetas de renome não cursaram
Letras, cursaram Direito, Farmácia e etc. Eu, depois de estar trilhando pelos
caminhos da poesia, fui cursar Letras, pensando em dar mais “peso” à minha
poesia... Só cursei quatro semestres. Vi tanta coisa, que achei que acabaria me
perdendo. Então “desertei”. Depois, lendo sobre Paulo Leminski e sobre Fernando
Pessoa, fiquei sabendo que eles também abandonaram a faculdade de Letras. Juro
que fiquei mais aliviado. Mas não é o certo, pois uma Faculdade é muito
importante. Ela sempre abre novos horizontes. Contudo a questão aqui é sobre a
curiosidade. Então vamos ao que interessa: Escrevi uma crônica (Eu, Um Anti
Poeta?) que deve ter mexido com os brios de muita gente. Inclusive com o meu. Vou
tentar explicar-me: Acho que todo mundo que se arvora a escrever poesia deve,
pelo menos, procurar saber um pouco a história da poesia e sobre alguns poetas.
Não como um pesquisador; como um curioso. Afinal, a pessoa tem que saber alguma
coisa sobre o que ela está fazendo. É como se estivesse “pedindo licença” para
trilhar por este caminho, e reverenciando os que já trilharam.
Agradeço ao Oswald de Andrade por
ter ousado em romper com os “moldes” de fazer poesia de antigamente: O
Parnasianismo e o Simbolismo. Mas ele cometeu um ato que eu acho que foi um
pecado: Ele desfez dos poetas antigos e queimou livros dos poetas. A mesma
coisa, fizeram os Poetas Marginais: Desfizeram dos poetas antigos e queimaram
livros de Drummond e etc. Alguns até disseram desconhecer a poesia de Drummond.
Acho isso uma falta de respeito. Se alguém não concorda com o que está sendo
feito, exponha o seu trabalho para ver se vai agradar o povo, ver se vai
“pegar”. Mas não precisa desfazer de ninguém.
Olhem quantas “escolas” passaram
pela poesia depois do Modernismo: O próprio Oswald criou a Antropofagia, em
1928/29. Em 1956 veio o Concretismo, querendo acabar com as palavras, propondo
uma poesia mais visual do que literária. Em 1959, poetas ligados ao Concretismo
se desentenderam e criaram o Neoconcretismo. Este, já se preocupando mais com as
palavras. Em 1962 Mario Chamie cria o Praxismo. Em 1967 Wladimir Dias Pino cria
o Poema-Processo. Este também abandonando quase que completamente o uso das
palavras. Eles confeccionaram um “pão poema-processo” de 2 metros, que foi
comido por 5 mil pessoas, numa Feira de Arte de Recife. E finalmente em 1970
(mais ou menos), a “Geração Mimeógrafo” ou a Poesia Marginal (da qual eu sou
fruto), com uma poesia mais desligada, sem compromisso com os métodos acadêmicos.
O que foi bom na Poesia Marginal, foi que ela não veio como uma “escola”
ditando ordem, ditando conceitos. Ela veio rompendo com os já existentes e
deixando a poesia livre de qualquer molde, livre de todas as normas.
Vou frisar mais uma vez: Tudo isso
que eu escrevi é fruto da minha leitura descompromissada, da minha curiosidade.
Li como um lazer, não como um pesquisador em busca de fatos para comprovar
alguma coisa.
AJ Cardiais
20.11.2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário