quinta-feira, 6 de março de 2014

Arqueologia da Véspera
















No meio da madrugada
Acordando a paz e o sossego
O caminhão de lixo passa
Sempre disposto a recolher
Os excessos do dia que passou também
O caminhão do lixo baila
Sempre disposto a aceitar calado
A parte podre do nosso consumismo
Sempre pronto a embalar nossa merda
E algum resto do nosso medo
O caminhão do lixo passa
Enquanto a noite ainda fica
O caminhão do lixo caça
Dando fim nas armas
Dos crimes da noite passada
Objetos velhos, planos secretos, restos de amor
Estrumes e problemas se amontoam
Em milhares de terrenos baldios e distantes
Começando a derramar-se para dentro
De nossas vidas “limpas”, interferindo no
Cotidiano com uma clara mensagem:
Ou moderamos o consumismo ou vamos terminar
Afogados em nossos próprios dejetos
A progressiva escassez de ruínas históricas
Tinha mesmo de por na moda algum dia
A Arqueologia da Véspera.

Jorge Papapá
imagem: google

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