imagem: aj cardiais
Quem está aprendendo alguma coisa,
deveria ser chamado de aprendiz ou iniciante, não de “amador”. Amador é quem
faz algo por amor. Às vezes a diferença entre amador e profissional é só porque
um faz por amor e o outro faz por dinheiro. Então o amador deveria ser mais
valorizado, porque tem muitos “profissionais” que trabalham sem amor nenhum à
profissão. Infelizmente o que faz alguém ser chamado de “profissional” é só
porque sobrevive daquilo.
Quantos escritores podem ser
considerados profissionais? Poucos, não é? Uma vez li um escritor dizendo que o
único escritor no Brasil, que vivia só de livros, era Jorge Amado. Isso naquela
época, porque agora tem o Paulo Coelho e deve ter mais meia dúzia.
O que faz um escritor ser
considerado profissional? É só editar um
livro? É editar um livro e fazer parte da Academia Brasileira de Letras?
No tempo de Drummond, Bandeira e
etc, quando a poesia era mais “consumida”, todos os poetas sobreviviam como
cronistas de jornais ou trabalhando em outras coisas. Nunca li algo dizendo que
eles sobrevivessem de literatura. Será que eles eram considerados “amadores” na
época?
Vender livros hoje em dia está
muito difícil. Além do povo não ser muito chegado à leitura, os livros estão
muito caros. O povo não tem dinheiro nem para se alimentar direito. Como viver
de livros? Conheço alguns poetas que se esforçam para editar um livro, e depois
saem vendendo de bar em bar... Tem muita gente que compra, só por comprar.
Quando chega em casa joga o livro em um canto ou fica usando para “guardar
contas”.
Uma vez encontrei uma amiga, que
eu sabia não ter a menor simpatia por poesia, com o livro de um poeta (conhecido
meu) nas mãos. Aí eu falei: eu conheço esse poeta, nós já participamos de
alguns grupos e eventos. Onde você comprou? Ela respondeu: eu estava em um bar
com meu namorado, aí ele chegou, perguntou o nosso nome, escreveu e: dez
reais. Eu ia até perguntar se ele te
conhecia, mas desisti. Então eu falei: poxa menina, deveria ter perguntado. Eu
queria saber o que ele iria dizer... Depois você me empresta esse livro? Ela
prontamente tirou dois recibos de dentro do livro e perguntou-me se eu queria
uma revistinha que estava em minha mão. Entreguei-lhe a revistinha, ela botou
os recibos dentro e entregou-me o livro dizendo: tome, fique.
Aí eu pergunto: quantas pessoas
que ele vendeu o livro, fez essa mesma coisa ou pior? Esse pelo menos veio
parar em minhas mãos e está guardado. Mas quantos já se acabaram sem ninguém dar
uma “olhadinha”? E o poeta chega em casa achando que as tantas pessoas que
compraram seu livro, estão conhecendo seu trabalho...
Será que vale a pena fazer isso?
AJ Cardiais
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