quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Escrevendo ao Léu


Gosto de escrever ao Léú, porque este "senhor" não se compromete com nada. Ele lê se quiser, não critica nada, não tem hora marcada... Enfim, o Léu é liberdade. E não tem coisa melhor do que a liberdade. Aliás, talvez tenha: o amor Mas só que o amor, às vezes nos tira a liberdade  Ou será que isso não é AMOR? O amor parece nos libertar de uma coisa, e aprisionar em outra. A mocinha que vive num castelo de sonhos, submissa à vontade dos pais, é um bom exemplo. Quando ela descobre o amor, ela cria coragem, enfrenta tudo e todos, e sai em busca de viver esta experiência (ou emoção?) nova, chamada amor... Só que o amor, enquanto fantasia, é bom demais. Mas o AMOR, na realidade, é um intrincado prazer de misturas, ou uma intrincada mistura de prazeres e deveres que às vezes faz doer. Por isso muitas pessoas se descobrem sádicas ou masoquistas. O amor pode ser como uma bola de neve que (no frio), rolando montanha abaixo, vai crescendo, absorvendo tudo, derrubando tudo... E, quando parar, será uma enorme bola de neve, cheia de coisas dentro.  Ou se o amor for como uma enorme pedra, rolando montanha abaixo (no calor), sairá derrubando tudo, destruindo tudo... E, quando parar, pode ter se desgastado por causa dos atritos, pode estar com rachaduras... Ou pode ter se partido em duas, mudado de sentido e cada uma ter saído destruindo uma parte da montanha. Enfim: foi só destruição. Talvez esse exemplo de amor, como uma enorme pedra, possa ser chamado de paixão. Porque a paixão é assim: avassaladora, destruidora, calorosa, destemida, inconsequente... Repare que o amor bola de neve, ou melhor: a sangue frio, sai derrubando coisas, mas ao mesmo tempo ele vai crescendo e acrescentando coisas. Já o amor "pedra", ou melhor: a sangue quente, não cresce, só faz destruir, se desgastar...

A.J. Cardiais
29.12.2016 
imagem: google

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